terça-feira, novembro 22, 2011

“Preparando os alunos (adolescentes) para a vida”


Na perspectiva de preparar os alunos para a vida, a Organização as Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) adotou quatro pilares que devem nortear a educação do século XXI sendo:
  • Aprender a aprender;
  • Aprender a fazer;
  • Aprender a conviver juntos;
  • Aprender a ser.
Segundo Caio Feijó (psicólogo, especialista em Psicologia Organizacional, Educacional e Clínica) aprender a ser e a aprender a conviver, tem sido os dois pilares relevantes quanto as maiores dificuldade de nossas escolas citados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionas (Inep). Conforme pesquisa realizada em 2006, as principais problemáticas da sala de aula enfrentadas pelos professores na fase da adolescência são: manter a disciplina, motivar os alunos, fazer avaliações, manter-se atualizado, escolher a metodologia e outros. Para tanto alguns mecanismos devem ser pensados como resolução destes conflitos focados no:
  1. Controle da indisciplina em sala;
  2. Estabelecimento de limites;
  3. Formação de vínculos com os alunos;
  4. Estimulação aos valores sociais humanos em dinâmica de grupo.
No entanto para realizarmos estes pressupostos, devemos levar em consideração a história da educação ao longo dos séculos. Ora, na tentativa de definir a palavra “Educação”, sabíamos que não seria fácil, afinal, desde seu início, inúmeras foram as mudanças sofridas. Observando os diferentes contextos históricos e os momentos de ascensão econômica, social e cultural que cada indivíduo ou uma determinada sociedade passou, perceberemos uma educação desenvolvida de acordo com as necessidades do seu período. Segundo Durkheim a educação tem variado infinitamente, com o tempo e o meio. Não só na antiguidade, mais também em outros períodos históricos, a educação ministrada por diferentes povos, variava de acordo com seus interesses, nas cidades gregas por exemplo, a subordinação a coletividade era uma constante para o indivíduo; em Atenas o espirito harmonioso; em Roma o espírito guerreiro, desde crianças. Na medievalidade, educação cristã.
Ainda nesta tentativa de definição, conseguimos apenas, uma compreensão etimológica da palavra “Educar”, que vem do latim educare, por sua vez ligado a educere, verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar), e significa literalmente 'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o mundo. Nesta perspectiva, a educação deve ser gerada de dentro para fora, ou melhor, do interior para o exterior, respeitando as convicções de cada indivíduo, observando suas relações oscilantes de acordo com o contexto histórico em que encontram-se, e em uma série de conflitos pertinentes ao embate cultural de gerações.
Prepará-los para o mundo seria no mínimo intrigante. Considerando que estão em processo contínuo de formação, seja ele de origem física, biológica ou comportamental. Além é claro, dos novos posicionamentos deste indivíduo, decorrentes de suas leituras de experiências e influências sofridas quer internas ou externas, repassando por vezes estes conflitos nas demais fases do ciclo vital. Dentre as fases do ciclo vital, que são: a infância, a juventude, a maturidade e a velhice, gostaria de referir-me mais especificamente a segunda fase do ciclo, “a juventude” na perspectiva adolescentes e seus conflitos. Para tal, necessitamos em primeira instância ressaltar nosso objeto de estudo o “Individuo”. A primeira reflexão que propomos, tem como relevância a educação e suas modificações. Ela chega a nossa sociedade ao longo dos séculos (pensada pela classe dominante e utilizada conforme seus interesses em cada contexto histórico), como já abordamos. A segunda seria as relações existentes entre as gerações e a terceira seria as condições socioeconomia no contexto em que estes indivíduos estão inseridos, levando em consideração que nesta fase os nossos adolescentes estão suscetíveis e vulneráveis às influências externas e internas.
Relembrando o primeiro ponto a educação e suas modificações, compreendemos que nossos jovens adolescentes por muitas vezes estão fadados a não realizarem suas próprias escolhas, mas sim a reproduzirem aquilo que a nossa sociedade dita como padrão ou referência neste mundo globalizado e capitalista. Um mundo que dita suas regras sem respeitar o interesse comum a todos mas todavia ao interesse de poucos, tem como primícia a alienação de seus sujeitos principalmente no que diz respeito a educação, sendo trilhada pela classe dominante, desenhada conforme seus interesses. Formando, alunos sem criticidade alguma, alunos não protagonistas juvenis e o que é pior sem perspectivas de futuro. Nesta fase nossos adolescentes sentem necessidade de autoafirmar-se, para tanto acabam extrapolando seus limites, deixando que seus hormônios que estão em constante ebulição interfiram na sua inteligência emocional e racional.
Nas relações existentes entre as gerações muitas vezes um embate social e cultural claramente visível por conta das inúmeras mudanças ocorridas na sociedade, seja de identidade (moral e ética), crenças e valores. As posturas adotadas pelos indivíduos são reflexo da etapa vital, das relações que eles tem com o meio e suas definições deste, trazidas ou enraizadas ao longo de seu ciclo vital. Defender suas ideias torna-se comum em todos os momentos, impedindo-o muitas vezes de ao menos ouvir os anseios e leitura de mundo do outro, inclusive, se este outro estiver em um ciclo vital anterior ao que este encontra-se, dificultando todavia as relações entre gerações. De um lado o adolescente ansioso em revelar suas escolhas e percepção de mundo a partir de suas poucas experiências e leitura de si, e do outro o adulto enrigessido pela concepção de experiência de vida (quantidade de anos vividos), sem levar em consideração que ele pode estar em constante aprendizado até os seus últimos dias de vida.
Na contemporaneidade, o tema avaliação tem chamado a atenção de muitos educadores. Ao longo de nossa trajetória educacional, há uma distorção do que seria o exercício de avaliar. A maioria de nossos professores ainda interpreta esse processo como um “momento” classificatório e punitivo para com os nossos alunos. Graduados, mestres, doutores omitem que, para se chegar a avaliar os alunos, esses devem também autoavaliar-se, esquecem que a troca de conhecimentos é comum à prática de educar, e que o desenvolvimento é contínuo para ambas as partes. O professor tem ainda muito medo de ser avaliado, por sentir-se exposto, pois ao ser avaliado, tem-se as veias abertas e isso, para alguém que se julga acima de qualquer julgamento, é, no mínimo, desconfortável”. (Demo, 2000)
O tema mediação de conflitos, na atualidade, passa por várias definições e posicionamentos pois, o assunto em questão tem sido abordado por muitos estudiosos de todas as áreas do conhecimento sejam pedagogos, psicólogos, filósofos e sociólogos.2 Esta iniciativa se deu, entre outras, por conta do grande número de jovens e adolescentes, que de alguma forma começaram a apresentar nas unidades escolares indisciplina em sala de aula, falta de limites e falta de estimulo aos valores sociais. Essas e outras problemáticas, tem impactado as escolas do mundo inteiro. Educar jovens e adolescentes nas últimas décadas tem sido um grande desafio para os nossos professores, pais, responsáveis e comunidade. Estes, estão cada vez mais apreensivos, por conta dos problemas que surgiram, serem, de ordem social, cultural e intelectual.
No contexto escolar a mediação de conflitos tem sido uma técnica primordial e essencial. Afinal onde há indivíduos, há pontos de vistas diferentes, leituras de mundo diferentes. Por sua vez, o conflito se torna algo pertinente as nossas relações humanas. Segundo Álvaro Chrispino (2007, p.12):
Os acontecimentos que se repetem nos diversos pontos do país, e que nos privaremos de citar por ser absolutamente desnecessário para a análise, expõem uma dificuldade brasileira pela qual já passaram outros países, o que seria, por se só, um convite para a reflexão de educadores e gestores políticos, visto que o movimento mundial em educação indica semelhança de acontecimentos mesmo que em momentos diferentes da linha do tempo.”

Álvaro Chrispino refere-se aos diversos tipos de violências que ocorrem nas escolas do mundo inteiro, necessitando de medidas imediatas, como já citado, no controle da indisciplina em sala (Delegando responsabilidades e valorização pessoal), no estabelecimento de limites (Em grupo, respeitando o direito de criticidade e dever do outro), na formação de vínculos com os alunos (Sabendo ouvir para ser ouvido) e na estimulação aos valores sociais humanos em dinâmica de grupo (Construindo conhecimento coletivamente).
Para tanto a SEDUC trabalha com o Projeto Professor Diretor de Turma que visa desenvolver ações que promovam e facilitem a correta integração dos alunos na vida escolar; garantir aos professores da turma a existência de meios e documentos de trabalho e a orientação necessária ao desempenho das atividades próprias da ação educativa; garantir uma informação atualizada junto dos pais acerca da integração dos alunos na comunidade escolar, do aproveitamento escolar, das faltas a aulas e das atividades escolares.

2Ver alguns autores de referência nas seguintes áreas:
Pedagogia: FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 2005.
Psicologia: GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas, a teoria na prática. Porto Alegre: 2000.
Filosofia: ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emílio ou Da Educação, R. T. Bertrand Brasil, 1995.
Sociologia: DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia, trad. Lourenço Filho, Edições Melhoramentos, São Paulo: 4 ed., 1955, pp. 25.56.

Vanessa Monteiro Bonfim
Coordenadora Regional do Projeto Professor Diretor de Turma - 5ª Região/SEFOR

quinta-feira, novembro 10, 2011

Diretor de turma – Perfil: procura-se

Diretor de turma – Perfil: procura-se

Armanda Zenhas

Pela sua importância, é um cargo a merecer reflexão em torno da definição de um perfil e uma formação específica e adequada dos professores que o exercem, devendo corresponder a uma promoção na carreira.

Perfil: articulador, negociador, que trabalhe bem em grupo e que goste de gente.

Num artigo mais recente, referi-me à importância do papel do Diretor de Turma (DT) no apoio aos alunos e aos pais nos anos de transição de ciclo (5.º, 7.º e 9.º), que um estudo recente revela serem aqueles em que se regista maior insucesso. A sua importância, contudo, não se limita a esses anos de escolaridade, fazendo-se sentir durante todo o percurso escolar dos alunos.

Que funções tem o DT? No Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio (relativo ao regime de autonomia, administração e gestão das escolas), atribui-se-lhe a função de coordenar o desenvolvimento do então chamado plano de trabalho da turma, posteriormente substituído pelo projeto curricular de turma. Este plano era definido como devendo “integrar estratégias de diferenciação pedagógica e de adequação curricular para o contexto da sala de atividades ou da turma, destinadas a promover a melhoria das condições de aprendizagem e a articulação escola – família” (art.º 36.º, § 1).

Tendo como objeto as estruturas de coordenação referidas no Decreto-Lei n.º 115-A/99, surgiu o Decreto Regulamentar n.º 10/99, de 21 de julho, no qual estão definidas as funções do DT. Nele se apontam, entre outras competências, “a articulação entre todos os professores da turma e com os alunos, pais e encarregados de educação”; a promoção de “comunicação e formas de trabalho cooperativo entre professores e alunos”; a já referida “coordenação, em colaboração com os docentes da turma, da adequação de atividades, conteúdos, estratégias e métodos de trabalho à situação concreta do grupo e à especificidade de cada aluno”; a articulação das “atividades da turma com os pais e encarregados de educação promovendo a sua participação”; e a coordenação do “processo de avaliação dos alunos” (art.º 7º, § 2).

Trata-se, sem dúvida, de funções muito abrangentes e de grande responsabilidade, que apontam para as tarefas de coordenação e de gestão, implicando o estabelecimento de relações interpessoais de diferentes tipos e com diferentes interlocutores. Para adequar o trabalho “à situação concreta do grupo e à especificidade de cada aluno”, chamando a ele todos os intervenientes no processo educativo – alunos, professores e encarregados de educação –, o DT tem de acompanhar individualmente cada aluno, mas tem de trabalhar com todos os alunos inseridos no grupo – turma; o DT tem de contactar e colaborar com cada EE no acompanhamento do seu educando, por exemplo em atendimentos individuais, mas tem de trabalhar com o coletivo dos encarregados de educação, por exemplo em reuniões gerais; o DT tem de ir contactando e articulando estratégias individualmente com cada um dos professores da turma, mas tem de o fazer igualmente com o coletivo de professores; finalmente, o DT é ainda chamado a articular, coordenar, conciliar, estabelecer comunicação entre alunos – professores, encarregados de educação – professores, alunos – alunos, professores – professores e até alunos – encarregados de educação.

Que perfil define a legislação para um cargo de tão grande responsabilidade? Estranhamente, nada mais do que o disposto no Decreto-Lei 115-A/98, que apenas diz que o DT deve ser designado, pela direção executiva, “de entre os professores da turma, sempre que possível, profissionalizado” (art.º 36.º, § 2.º).

Que competências deve ter o DT? A legislação não o refere. Que formação especifica é dada ao DT? Nenhuma. Diversas razões estão por detrás da escolha dos professores que serão diretores de turma e, infelizmente, nem sempre o seu perfil é a prioritária. Entre outras conta-se o jeito que dá, ao fazer o horário, acrescentar ali aquelas horas de redução.

Ser diretor de turma é um cargo muito importante no acompanhamento do percurso escolar dos alunos e da turma e no estabelecimento de colaboração entre a escola e a família. É um cargo que exige competências de gestão, de coordenação, de comunicação, de relacionamento interpessoal, entre outras.

Pela sua importância, é um cargo a merecer reflexão em torno da definição de um perfil e uma formação específica e adequada dos professores que o exercem, devendo corresponder a uma promoção na carreira. A este assunto voltaremos em artigos futuros.


Fonte:
http://www.educare.pt/educare




Armanda Zenhas – Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela Universidade do Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, e concluiu o curso do Magistério Primário (Porto). É PQA do grupo 220 na Escola Básica de Leça da Palmeira e autora de livros na área da educação. E mãe de dois filhos.


quarta-feira, novembro 09, 2011

XXI ENCONTRO ESTADUAL DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO Educação Emocional: A complementaridade entre a Razão e a Afetividade. 30º Aniversário da ANPAE - Seção Ceará 1981 a 2011

Introdução

A Associação Nacional de Política e Administração da Educação – ANPAE, Seção Ceará, estará realizando seu XXI Encontro Estadual de Política e Administração da Educação, nos dias 17 e 18 de novembro de 2011, no Auditório do Passaré, BNB, já se constituindo, este evento, uma tradição dessa entidade no Ceará. O evento marcará os trinta anos de criação da ANPAE - Seção Ceará.

Importância do tema

A temática escolhida será “Educação Emocional: A Complementaridade entre a Razão e Afetividade”, desdobrado em vários subtemas com abordagens diversificadas, procurando abranger os interesses dos participantes, constituídos de pesquisadores, professores, técnicos, planejadores, e, principalmente, gestores da educação. Haverá espaço para a divulgação de experiências exitosas que têm contribuído para o sucesso da escola. Estão sendo convidadas autoridades relacionadas à temática, pesquisadores brasileiros e de outros países que deverão expor as novas políticas e trabalhos em que os desafios recorrentes e emergentes da educação brasileira possam ser apresentados e debatidos entre os vários protagonistas o conferencista convidado, Casassus, menciona os resultados de uma ampla investigação realizada em 1994 sobre os fatores que incidem na aprendizagem e que demonstrou que a variável que mais explicava as diferenças na aprendizagem era o clima emocional na classe, resultado, por sua vez, das relações dos estudantes entre si e com os professores e coloca algo sobre a ajuda que os pais podem dar aos filhos, e que recentemente foi demonstrado: “Nada importa mais para o desenvolvimento das crianças do que os professores tomarem consciência de si mesmos”.

Finalmente, Casassus destaca que as necessidades de aprendizagem, não são as únicas necessidades que os alunos têm nas escolas, pois precisam também “ser reconhecidos na sua legitimidade, querem ser escutados, necessitam ser respeitados, necessitam pertencer a uma comunidade de pares, necessitam brincar, necessitam autonomia, concluindo que a insatisfação das necessidades básicas dos educandos é fonte de violência. Necessita-se da transformação da sociedade e a superação de uma crise que nos ameaça com um naufrágio universal. E, não poderemos chegar à plenitude que a natureza para nós reservou enquanto a razão não atingir a sabedoria de reconhecer suas limitações.

Estratégias Metodológicas

A temática - “Educação Emocional: A Complementaridade entre a Razão e Afetividade” terá diversos formatos, tais como: duas conferências, um painel, quatro palestras, um workshop, a apresentação de relatos de experiência e uma
mesa redonda.

Benefícios disponíveis aos participantes

1. Material impresso do XXI Encontro;
2. Publicação do livro de Juan Casassus Fundamentos da Educação Emocional,
UNESCO Brasília Líber Editora Livro tradução, 2009;
3. Certificado de participação;
4. Dois almoços;
5. Quatro cafezinhos.