quinta-feira, outubro 13, 2011

   Pensar e sentir, ações indissociáveis: educando sentimentos e emoções
                                     Kelma Socorro Lopes de Matos

Temos observado que o enfrentamento de conflitos nas nossas escolas, não tem sido resolvido com punições, presença da polícia, detectores de metais. O diálogo com alunos e a comunidade apresenta-se como a forma mais efetiva de construir a paz no espaço escolar. As experiências positivas com jovens e escolas devem ser mais divulgadas. É importante apresentar à sociedade imagens positivas das juventudes. Os conteúdos curriculares também nos ajudam a resolver o fervilhar das questões cotidianas escolares. Muitas vezes, esses conflitos demandam a consideração das dimensões ética e afetiva.
Nesta perspectiva, consideramos, por um lado, que os sentimentos, as emoções e os valores devem ser encarados como objetos de conhecimento, posto que tomar consciência, expressar e controlar os próprios sentimentos talvez seja um dos aspectos mais difíceis na resolução de conflitos. Por outro lado, a educação da afetividade pode levar às pessoas a se conhecerem e a compreenderem melhor suas próprias emoções e as das pessoas com quem interagem no dia a dia. Grosso modo, tratar-se-á de desenvolver uma postura analítica perante sentimentos e valores. (ARANTES, 2007, p.11).
     Yus (2002) salienta como perspectiva irmos além dos conteúdos tradicionais, e resmos educadores de espírito, ajudando os alunos a encontrarem conexões/significados em suas vidas. Assim, faz algumas indicações:
a) garantir clima caloroso, acolhedor e atento que propicie a conectividae;
b) estimular o entusiasmo, a inovação;
c) favorecer no cotidiano a construção da 'escola com alma', que é o ambiente em que o amor predomina mais que o medo;
d) reconhecer a importância do não-verbal;
e) ter atenção ao ambiente estético da escola e sala de aula;
f) compartilhar histórias sobre a escola;
g0 fazer comemorações e rituais cotidianos;
h) agir com verdade e autenticidade.
     A educação da afetividade estimula as pessoas a conhecerem suas emoções e a dos outros, com quem interagem no dia a dia. o aprendizado de estabelecer conexões consigo e com os demais, faz com que o educador transforme-se num guia para os jovens alunos. Passa-se, então, a ser uma pessoa seminal, ou seja, funciona como semente que alimenta o mergulho em si mesmo, o que faz com que se sinta parte do todo (BOFF, 2006).
     O mesmo conflito pode receber tratamentos diferentes dependendo do estado emocional de quem o enfrenta. São opções que fazemos entre acolher ou expulsar o diferente. O trabalho com conteúdos de natureza afetiva, podem ser aprendidas e cultivadas, como se aprende os conteúdos tradicionais. Dessa forma, a educação prepara melhor os jovens para a vida cotidiana, inclusive na própria escola.
     É possível juntar "mente e corpo", valorizando o Ser completo. "Integrar o que amamos com o que pensamos é trabalhar, de uma só vez, razão e sentimentos; supões elevar estes últimos à categoria de objetos de conhecimento, dando-lhes existência cognitiva, ampliando assim seu campo de ação." (MORENO, 1998). Que possamos, então dialogar mais sobre a esperança, apostando na potencialidade e integralidade das juventudes.
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Observação: O texto acima é a parte conclusiva do artigo Juventudes e Cultura de Paz: diálogos de esperança, de Kelma Socorro Lopes de Matos (Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFC). O conteúdo do  fragmento transcrito interliga-se à ideia matriz do Projeto Professor de Turma:  favorecer o estreitamento das relações escolares através do conhecimento do outro.
                                                                                               Kelly Medeiros